O homem nasceu para refletir a glória de Deus. A Palavra de Deus, em seus primeiros versos, aborda esse tema que merece nossa atenção e reflexão mais frequente do que normalmente dedicamos. À primeira vista, os textos iniciais da Bíblia parecem ser apenas narrativas objetivas, descrevendo como Deus criou o mundo no princípio de tudo. No entanto, ao meditarmos mais profundamente em cada palavra, percebemos que esses versos revelam verdades sublimes, tão maravilhosas quanto a própria criação do universo. São lições preciosas que não apenas devemos compreender, mas também aplicar em nossa vida diária. Vejamos dois trechos do capítulo primeiro de gênesis.
O Mistério da Ordem da Criação
Observamos no primeiro trecho (Gênesis 1:1-4) que Deus cria a luz e, ao contemplá-la, declara que ela é boa. Em seguida, Ele separa a luz das trevas, estabelecendo o contraste entre ambas, e isso ocorre no primeiro dia da criação. Contudo, apenas no quarto dia, o Senhor Deus cria os luminares — o sol, a lua e as estrelas — para regerem os ciclos de dia e noite e marcarem os tempos e as estações na Terra.
Qual é o mistério envolvido nessa ordem dos acontecimentos? Meu primeiro pensamento é que a luz só poderia existir após a criação dos luminares. No entanto, o texto nos convida a uma reflexão mais profunda. Como poderia haver luz antes do sol? Essa aparente contradição pode revelar verdades espirituais e simbólicas que vão além da simples interpretação literal.
Antes de aprofundarmos nas verdades reveladas pela Palavra de Deus a esse respeito, é importante compreendermos o papel dos luminares criados e estabelecidos por Deus, tanto em nossas vidas quanto em toda a Terra.
O Sol e a Lua: A Harmonia dos luminares
O Sol e a Lua são dois dos corpos celestes mais importantes e fascinantes para a humanidade. Eles representam opostos complementares que juntos definem o ciclo do tempo e influenciam a natureza.
O Sol e a Lua, apesar de tão diferentes em sua natureza e função, desempenham papéis complementares no equilíbrio da Terra. Enquanto o Sol rege o dia, a Lua domina a noite, e juntos eles estruturam o ciclo do tempo e a harmonia da natureza.
O Sol é a Fonte de Luz e Vida, é uma estrela no centro do sistema solar e atua como a fonte primária de energia para a Terra. Ele é responsável por sustentar a vida ao fornecer luz e calor. O ciclo solar marca os dias, regula os ritmos biológicos e influencia as estações do ano.
A Lua, em contraste, domina os céus noturnos. Seu brilho suave é reflexo da luz solar, tornando-a uma presença serena e inspiradora no escuro. Mais próxima da Terra do que o Sol, a Lua tem um impacto direto sobre os oceanos, causando as marés, e influencia os ciclos reprodutivos de várias espécies animais.
O que percebemos em comum, apesar das diferentes funções, é que ambos cumprem seu propósito principal por meio da luz que emana de cada um deles. É a partir dessa reflexão que buscaremos entender um pouco mais sobre aquilo que Deus deseja nos revelar.
A escuridão e as trevas na humanidade
No campo físico, a escuridão é definida como a ausência ou a significativa redução de luz visível em um determinado espaço. Ela ocorre quando não há fontes de luz no espectro visível ou quando a luz é bloqueada, absorvida ou dispersada de forma insuficiente para alcançar os olhos humanos.
Entretanto, a escuridão também pode ser entendida no campo simbólico ou abstrato, onde representa estados de ignorância, medo, incerteza, maldade, tristeza ou desconhecimento.
Assim como em Gênesis, onde inicialmente não havia luz visível aos olhos humanos, nosso mundo mergulhou em plena escuridão devido ao pecado e ao distanciamento de Deus. Essa escuridão espiritual é descrita na Bíblia como um estado de separação e domínio das forças malignas.
Pois nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autoridades e os poderes que dominam completamente este mundo de escuridão. (Efésios 6:12)
Porque, se o evangelho que anunciamos está escondido, está escondido somente para os que estão se perdendo. Eles não podem crer, pois o deus deste mundo conservou a mente deles na escuridão. Ele não os deixa ver a luz que brilha sobre eles. (2 coríntios 4:3-4)
Assim como Deus declarou no princípio, era necessário que houvesse luz, e essa luz precisaria brilhar sobre a humanidade. Como vemos nos textos apresentados, a humanidade, perdida em trevas, só poderia ser resgatada por meio da luz que vem de Deus. Essa luz é a manifestação de Sua verdade, graça e salvação, que dissipa a escuridão e traz vida ao mundo.
A verdadeira definição da Luz.
Como vimos, os luminares cumprem seu papel fundamental através da luz. Assim, para compreender plenamente essa função, devemos começar pelo entendimento do que realmente é a verdadeira definição de luz. Para isso, vamos considerar um dos textos que mais amo e admiro na Bíblia, escrito no Evangelho de João, capítulo 1:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.
Houve um homem enviado por Deus, e o nome dele era João. Este veio como testemunha para testificar a respeito da luz, para que todos viessem a crer por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina toda a humanidade. (João 1:1-5)
Jesus, o Cristo, aquele que no princípio era o Verbo, o Verbo que estava com Deus e que é o próprio Deus, é a verdadeira luz que, ao vir ao mundo, iluminou toda a humanidade. Sim, essa luz brilhou sobre toda a humanidade, de modo que o homem nasceu para refletir a glória de Deus. A verdadeira luz continua a brilhar, e nela encontramos misericórdia e graça, pois através dela fomos alcançados.
o sol da justiça
Assim como olhamos para o céu, vemos o sol e reconhecemos que ele é a fonte da vida na Terra, fornecendo energia, calor e, consequentemente, promovendo o crescimento dos alimentos e a vitalidade dos seres vivos, essa mesma figura foi usada por Deus em Sua Palavra para descrever Seu Filho unigênito. Jesus, o Sol da Justiça, é a fonte de toda vida espiritual, trazendo luz, cura e transformação a todos que O buscam.
Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça e salvação trará debaixo das suas asas; e saireis e crescereis como os bezerros do cevadouro. (Malaquias 4:2)
Assim como, no início, o mundo estava em trevas e Deus disse: “Haja luz”, e houve luz, a humanidade que se encontrava em trevas precisaria do surgir de uma Luz. O Deus Pai quis e fez nascer o Sol da Justiça; Ele nos deu um filho. Sobre os seus ombros está o principado, e o seu nome é: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
O Deus que disse: “Que da escuridão brilhe a luz” é o mesmo que fez a luz brilhar no nosso coração. E isso para nos trazer a luz do conhecimento da glória de Deus, que brilha no rosto de Jesus Cristo. (2 coríntios 4:6).
A Lua: O Luminar que Governa a Noite
Majestosa e fascinante, a lua brilha na escuridão com um encanto capaz de capturar até os olhares mais distraídos. Quem nunca parou para admirar o nascer da lua ou tentou eternizar esse espetáculo natural em uma fotografia? A lua, com sua luz prateada, sempre encantou a humanidade.
No entanto, é importante lembrar: a beleza luminosa da lua não é dela mesma. A luz que vemos vem do sol, refletida pela lua e projetada sobre a Terra. A lua só pode resplandecer porque está alinhada de forma a receber diretamente a luz do sol.
Como a Lua: O homem nasceu para refletir a glória de Deus
E é exatamente aqui que começamos a traçar o paralelo. Nós somos como a lua: chamados para brilhar em meio à escuridão. Contudo, assim como a lua não possui luz própria, nós também não a temos em nós mesmos. O homem nasceu para refletir a glória de Deus.
Na Bíblia, há uma passagem sobre Moisés, que subia ao monte para encontrar-se com Deus. A glória e a presença do Senhor eram tão intensas que seu rosto refletia uma luz resplandecente ao descer do monte. Essa luz era tão forte que os israelitas não conseguiam olhar diretamente para ele. Mas, com o tempo, essa glória se desvanecia. Assim como a lua reflete o brilho do sol, nós fomos criados para refletir a glória de Deus.
E, por mais espetacular que fosse o que Moisés viveu, a Bíblia nos ensina, em 2 Coríntios 3, que a glória disponível para nós hoje é ainda maior. Isso porque o Sol da Justiça – Jesus – brilhou para toda a humanidade.
Jesus entregou Sua vida para que a humanidade pudesse sair da escuridão. Ele restabeleceu o acesso à luz por meio de Seu sacrifício e pela ação do Espírito Santo, que manifesta a glória de Deus em nossos corações.
“Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, pelo Senhor, que é o Espírito.” (2 Coríntios 3:17-18)
A Conclusão?
Muitos de nós vivemos hoje cercados por escuridão – falta de propósito, amor, esperança e gratidão, frutos da ausência da luz. Assim como a lua precisa estar alinhada ao sol para brilhar, nós precisamos estar alinhados com Jesus, firmes em Sua luz.
“Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, que, por causa da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e está sentado à direita do trono de Deus.” (Hebreus 12:2)
A Bíblia também nos alerta:
“Os olhos são a lâmpada do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas, se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que grandes trevas são!” (Mateus 6:22-23)
O homem nasceu para refletir a glória de Deus. Ele nos criou para brilhar na escuridão, refletindo Seu amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contudo, nosso brilho não vem de nós mesmos, mas de Deus, por meio de Jesus e do Espírito Santo.
Que possamos estar alinhados à fonte verdadeira de luz, permitindo que Ele nos use para resplandecer e iluminar este mundo, cumprindo o propósito para o qual fomos criados.